A teoria da Autodeterminação

A motivação humana é um constructo interno, complexo e multideterminado. Por isso, diversas teorias elaboradas nos últimos 40 anos,  têm-se colocado diante do desafio de compreendê-la, explicá-la e propor estratégias para intervenção, visando aprimorá-la. A Teoria da Autodeterminação, iniciada nos anos 70s, configura-se como uma das principais abordagens desse tema, tendo embasado um grande número de pesquisas em diversas áreas de envolvimento humano: trabalho, saúde, religião, entre outras.
A principal premissa dessa teoria é que os seres humanos têm uma tendência inata para buscar desafios, aprender e dominar novas habilidades. Em outras palavras, são dotados de uma natureza ativa, voltados para alcançar a autoregulação de seus comportamentos e para obter bem-estar. Para que essa tendência inata se desenvolva de forma saudável, é necessário que determinadas necessidades psicológicas internas do ser humano sejam atendidas. Nesse sentido, o contexto sócioambiental tem um papel crucial para a satisfação dessas necessidades psicológicas internas, podendo nutrir ou prejudicar esses recursos internos. No âmbito acadêmico, significa que o estudante necessita interagir em um contexto propiciador de alternativas de interações que nutram suas necessidades psicológicas internas, pois, desse modo, haverá melhoria na qualidade de sua motivação, resultando em diferentes níveis de efetivo funcionamento e desenvolvimento (DECI; RYAN, 1985; RYAN; DECI, 2000).
O estudo empírico dos processos de motivação investiga  grupos específicos dos fenômenos motivacionais. Resultando em quatro e mini teorias. Abordaremos apenas a teoria das necessidades básicas, a qual focaliza as necessidades psicológicas fundamentais, são elas: autonomia, competência e necessidade de pertencer. A autonomia é  uma necessidade do indivíduo de sentir que um determinado comportamento emana dele mesmo, e não por forças com as quais ele não se identifica, assim este comportamento é sentido como tendo uma casualidade o interna e percebido como uma escolha (DECI; RYAN, 1985). A competência enfoca a necessidade de interações eficientes com o meio. Refletindo o desejo de exercer as capacidades inatas que o indivíduo possui, desta forma, ele busca e domina desafios ótimos, ou seja, desafios com os quais o aluno sinta que pode interagir de forma eficiente, resultando em maior interesse para desenvolver uma determinada tarefa. A necessidade de pertencer e de vínculo reflete  o desejo de estar emocionalmente relacionado de forma agradável, desejável estável e duradoura com as outras pessoas, o estudante que se sente querido e bem relacionado com colegas e professores terá mais facilidade para a internalizar valores e regulações endossados  pelos outros (REEVE; SICKNEUS, 1994).

REFERÊNCIAS
DECI, E. L.; RYAN, R. M. Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. New York: Plennum Press, 1985.
REEVE, J.; SICKNEUS, B. Development and validation of a brief measure of three psychological needs underlying intrinsic motivation: the AFS scales. Educational & Psychological Measurement, Washington, v. 54, n. 2, p. 506-516, 1994.
RYAN, R. M.; DECI, E. L. Self-Determination Theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. The American Psychologist, Washington, v. 55, n. 1, p. 68-78, jan. 2000.