O que é o Construcionismo?


O Construcionismo é uma teoria proposta por Seymour Papert, matemático e um dos pioneiros no campo da Inteligência Artificial. Reconhecido internacionalmente como o primeiro a pesquisar de que modo os computadores poderiam contribuir com o processo de aprendizado das crianças. Papert nasceu na África do Sul, e lutou contra o apartheid. Trabalhou com Piaget na Universidade de Genebra de 1958 a 1963, colaboração que o levou a considerar a Matemática como um meio de comprender como as crianças aprendem e pensam. Trabalhar juntamente com Piaget (1991), primeiro proponente do Construtivismo, foi de valor inestimável para Papert. Isso lhe possibilitou que fizesse a conexão de seus conhecimentos como matemático e pesquisador, com o estudo acerca da gênese da inteligência humana, tema da pesquisa de Piaget. Este último autor considerava a análise do desenvolvimento da inteligência das crianças como o melhor modo de compreender a origem da inteligência humana (PIAGET, 1991). Depois de trabalhar em Genebra com Piaget,  Papert tornou-se professor de Matemática no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O Construcionismo começou a ser delineado há mais de 40 anos atrás, Papert relata que a observação do comportamento de um grupo de alunos, durante uma aula de Arte, levou-o a desejar que eles tivessem um comportamento semelhante nas aulas de Matemática. Isso porque, nas aulas de Arte, os estudantes se dedicavam a uma atividade em que esculpiam sabonetes, baseados em suas fantasias, engajando-se nisso durante várias semanas, persistindo em seus projetos. Havia tempo para pensar, sonhar e contemplar. Eles podiam experimentar, tentar novas ideias, desistir delas, ver e compartilhar os trabalhos com os colegas, analisar a reação do grupo a respeito de sua produção. Esse envolvimento parecia semelhante ao de um matemático ao se envolver com problemas de sua área, porém, de um modo completamente diferente daquele com que os estudantes abordavam a Matemática na escola, principalmente entre o sexto e o nono  ano. Pois, nas aulas tradicionais de Matemática, frequentemente são propostos pequenos problemas, os quais os estudantes podem resolver suficientemente bem ou não (PAPERT; HAREL, 1991).
Na concepção de Papert (1994), o Construcionismo seria uma extensão do Construtivismo, pois os esquemas ou estruturas cognitivas seriam construídos de modo especialmente venturoso, quando apoiados em algo tangível, uma entidade pública escolhida pela pessoa, que poderia ser desde a construção de um kit de montar da Lego, um programa de computador ou mesmo um castelo de areia na praia. Dessa forma, o produto, resultado do processo, pode ser exibido e visto, externalizado, discutido, examinado, admirado e analisado. Papert acredita que esta é a principal característica do Construcionismo, por permitir examinar mais de perto a ideia da construção mental.
O autor confere especial importância aos apoios que poderiam externar o que ocorreu durante o processo de elaboração mental, fazendo com que o Construcionismo não seja uma concepção puramente mentalista, posto que ela reúne o trabalho intelectual do aluno e sua externalização por meio de diversos recursos disponíveis. Nesse contexto, a tecnologia proporcionada pelo computador tem um papel importante, em razão da sua grande flexibilidade para expressar os mais diversos tipos de elaboração mental, seja no plano tangível seja por meio de imagens. Papert e Harel (1991) explicam que o Construcionismo, de uma forma sucinta, poderia ser caracterizado como um modo de aprendizado que pede a construção de algo para que se possa compreender o seu funcionamento.

REFERÊNCIAS
PAPERT, Seymour. A máquina das crianças. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
PAPERT, S.; HAREL, I. Situating constructionism. In: HAREL, I.; PAPERT, S. (Ed.). "Constructionism". Norwood: Ablex Publishing Corporation, 1991. Disponível em: <http://www.papert.org/articles/SituatingConstructionism.html>. Acesso em: 5 maio 2008.
PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Guanabara, 1991.